quarta-feira, 7 de julho de 2010

Chegada a Havana

Mar caribenho visto do voo entre Cayman e Havana


O voo entre Kingston e as Ilhas Cayman, onde fizemos escala, dura pouco menos de uma hora. Mas vale a pena a vista de cima do mar caribenho. O aeroporto de Cayman é pequeno, sua arquitetura mais parece um chalé. Ficamos ali mais de três horas esperando pelo voo até Havana, que foi feito também pela Cayman Airways. O saguão tem poucas lojas e apenas um restaurante, que vende almoço. Em dólares, claro.

Até a capital cubana foram duas horas de viagem. Mais uma vez, não espere comidinhas dentre dos aviões. É importante viajar sem fome... Em Havana, no próprio aeroporto há um balcão de informações turísticas. Foi ali que nos sugeriram a casa da Sra. Raudelina Rodríguez Leyva, de 78 anos de idade. Ela mora na Rua Amistad, em Habana Vieja. Antes de sair do aeroporto, fizemos um saque em CUCs (peso convertível, especial para turistas). Lembrando que pagar com dólares estadunidenses em Cuba é furada, pois eles cobram uma multa.

Na hora de pegar táxi, não há muita escolha. Eles são oficiais e te levam ao centro por um preço fixo: 30 CUCs. O agente turístico fez um certo terrorismo dizendo que a gente precisava mentir para o taxista para ele não saber que era nossa primeira vez na cidade. Segundo o agente, alguns taxistas, ao saber que se trata de turista novato, muda o percurso. Mas não aconteceu nada com a gente. O taxista foi direto para o destino e não pareceu ser aproveitador. Portanto, não podemos dizer se situações assim ocorrem mesmo.

A casa da dona Raudelina fica bem no meio de Habana Vieja, a 250 m do Capitolio. A primeira impressão que se tem da cidade é o cheiro forte nas ruas, a imensa quantidade de fumantes e que tudo parece uma babilônia. A dona da casa nos recebeu muito bem e nos acomodou em um dos quartos, que por sorte, tinha um lindo ar-condicionado. Em abril, faz muito calor em Havana. Como de frente para o quarto a privacidade era zero - pela proximidade com as janelas das outras casas -, nos rendemos ao ar condicionado.

Naquela noite, conhecemos o bar El Floridita, conhecido mundial pelo daiquiri que o escritor norte-americano Ernest Hemingway dizia ser o melhor da cidade. De fato, é muito bom! Custa 6 CUCs, mas vale a pena. E tem música ao vivo.

Eu, Hemingway e o Daiquiri


Depois, para não detonar todos os nossos CUCs em apenas um bar, andamos uma quadra e escolhemos um mais simples, mas também com cantantes. Claro que um país tão musical como Cuba tem música ao vivo em quase todos os bares e restaurantes. No que a gente estava, os músicos não demoraram para sacar que éramos brasileiros e nos homenagearam com MPB. Divertidíssimo.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

All inclusive

Anoitecer no hotel Sunset Jamaica


Este é o momento da viagem em que a gente esquece, momntaneamente, da vida de mochileiro... sim, nos rendemos às facilidades do all inclusive (tudo incluído no preço da diária). Chegamos ao Sunset Jamaica por volta das 13h30. O check-in foi um pouco tenso, pois a recepcionista não encontrou os nossos nomes no sistema. Mas havíamos anotado o telefone da atendente da Air Jamaica e o problema foi solucionado.

Aqui, nada de mochilas nas costas. Um rapaz as levou em um carrinho enquanto papeávamos sobre como o Dunga podia ter ignorado Ronaldinho Gaúcho na Seleção!

Pelo horário, o jeito foi correr para pegar o finalzinho do almoço. O hotel tem quatro restaurantes, sendo um deles de buffet básico. Tudo muito gostoso. Há ainda praia particular, várias piscinas, um jaccuzzi, bares, salas de jogos, showzinho à noite e atendimento excelente. O hotel disponibiliza uma programação extensa de festas e até esportes náuticos. Eles emprestam equipamento para fazer snorkel. E dá para ver vários peixinhos diferentes!!! Dentro dali, não encontramos latino-americanos. A maioria dos hóspedes é composta por estadunidenses e europeus mesmo...

Praia em frente ao hotel


No dia seguinte, nosso último em Ocho Rios, a vontade era de nem sair do hotel, claro. As facilidades realmente encantam, apesar da visão crítica que vinha de quando em vez sobre a vida daquelas pessoas. Mas, enfim, era preciso dar uma voltinha no centro da cidade para comprar mais algumas lembrancinhas. Fizemos isso de manhã, voltamos ao hotel e ali ficamos até o dia seguinte, quando, de madrugada, um táxi nos esperava para fazer o trajeto de volta a Kingston. Acertamos pelo mesmo preço da volta: US$ 100.

Para não perder o costume, a viagem foi tensa. Isso porque o motorista poderia ficar com sono e o trecho é bastante movimentado e sinuoso. Tentamos nos manter acordados o máximo possível, mas foi difícil - portanto, houve alívio na chegada ao aeroporto. O voo para Cayman saiu às 8h55. Deu tempo apenas de ligar para casa e dar uma olhada rápida no free shop, que nem é vantajoso...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O mausoléu do Bob



Sala com discos de ouro e platina do Bob Marley

Acordamos na segunda-feira (24) bem cedo. Como iríamos ficar mais dois dias no país, o dia era ideal para irmos até a casa do Bob Marley e conhecer onde ele viveu e está atualmente. Contratamos o passeio na recepção do nosso hotel mesmo. Como dissemos, a Jamaica é um país que deixa os turistas desconfiados de todos e tudo. Portanto, não arriscamos ir com taxistas. Preferimos pagar o pacote com traslado, guia, entrada para o mausoléu e alguns snacks. O preço saiu um pouco salgado, US$ 86 (como tudo na Jamaica).

A viagem até Nine Miles (cidade onde está a casa do Bob) foi bastante interessante. As estradas jamaicanas são bem ruinzinhas e o percurso até a cidade, que fica entre as montanhas, foi feito em um jipe. Além de nós, um casal de norte-americanos nos acompanhou no esquema off road. Havia a possibilidade de ir de ônibus, em um passeio mais tranquilo, porém mais demorado. A norte-americana que ia conosco não aguentou os "bumps" e acabou sentindo-se mal. Gringo não tá acostumado com o esquema roots!

Caminho entre Ocho Rios e Nine Miles


O interessante foi o guia mostrar um pé de mamão e outras típicas frutas tropicais. Talvez seja novidade para os gringos, que são a maioria na região e fazem da Jamaica o seu quintal de diversões.

A entrada no mausoléu é restrita. Os ambulantes e pedintes ficam do lado de fora. Mas eles chamam, o tempo todo, os turistas para vender ganja. A erva, aliás, é largamente comercializada nas ruas da cidade. Chega a ser constrangedor! Dentro da casa do Pai do Reaggae, não há vendedores. Vimos muita gente consumindo. Como disse o guia: "A partir daqui até o final do tour, fique à vontade". Dentro da casa de Bob a erva é liberada. Afinal, muitos turistas vão pra lá pra isso mesmo! Mas não são todos, vale frisar.

Há cerca de três casas dentro daquele terreno. A primeira foi construída depois do sucesso do cantor. Nela são vistos os discos de ouro e platina, além de um bazar para venda de souvenirs. Na Jamaica, qualquer artigo (e é qualquer coisa mesmo) que contenha a cara do Bob Marley será mais caro do que se fosse qualquer outra estampa. Se você perguntar, eles vão dizer: "Ora, é mais caro porque tem o Bob Marley". Tentei pechinchar algumas camisas lá informando que no Brasil Bob Marley é tão comum quanto Jesus Cristo. Não adiantou!

Voltando ao tour... Depois de visitar a parte "irreal" do lugar, fomos até a parte original da casa. O guia (diferente daquele que nos levou até ali) informava o lugar onde Bob havia crescido. No meio, há uma pedra em que Bob gostava de dormir. Psico o negócio! Vimos também a casa onde a mãe dele morava. Por fim, os dois mausoléus onde estão os restos mortais de Bob e da mãe dele, Cedella Bookerque morreu, enquanto dormia, em 2008, em Miami.





O passeio até lá foi bem interessante. Sentimos um pouco a vibração do cantor, mas, como tudo na Jamaica, a coisa é bem artificial. Os turistas são a fonte de recursos daquela família e tudo lá é muito caro. Uma camisa comum, estampada com a foto de Bob, não sai por menos de US$ 30. São as mais bonitas, de fato, mas eles exploram absurdamente. Percebemos que barato mesmo só relógios (já que eles são Tax Free).

Depois do passeio, voltamos até o estacionamento e encontramos o guia que nos levaria até o hotel. O cara foi super atencioso (inclusive com a gringa que passou mal). Ele nos contou a história do país e falou também da estranha língua que os jamaicanos falam, o Patuá. Somente ali entendemos que não estávamos doidos! Realmente os nativos não falam inglês. Ele contou que o Patuá é uma língua que não é ensinada nas escolas, mas passada de pai pra filho. É uma mistura de inglês com frânces, espanhol e alemão. Coisa de doido! Não dá pra entender! O guia explicou que o dialeto era utilizado durante a colonização pelos escravos, para que os colonos não entendessem o que os negros falavam! Já contei isso por aqui?


Quando chegamos no hotel, no início da tarde, apenas pegamos nossas mochilas (que estavam na recepção) e rumamos para o outro hotel, que havia sido reservado e arranjado para nós pela Air Jamaica, por conta da mudança no horário do voo. Por sorte, o hotel que eles nos arranjaram (Sunset Jamaica Grande) ficava a poucos metros de distância e pudemos ir a pé.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dunn's River Falls - a pororoca jamaicana

A Jamaica é uma ilha com uma cadeia de montanha no meio. Por isso, para qualquer lugar que você vá, ou vai atravessar a montanha (em estradas um pouco tensas), ou vai contorná-la. Portanto, qualquer que seja o seu passeio, ele será longo e caro. Isso independe da cidade turística (Montego Bay, Ocho Rios, Negril e Port Antonio são as principais). Em cada uma delas há uma "ponto turístico" principal.

Port Antonio tem a lagoa que aparece no filme Lagoa Azul. Além disso, a cidade fica perto da famosa Blue Mountain (montanha com mais de 7 mil metros de altura). Nela, é cultivado um dos cafés mais famosos do mundo. Negril fica com as praias mais bonitas, segundo alguns nativos. Em Montego Bay, há os hotéis all included mais esparrados daquele país.

Em Ocho Rios uma das atrações é a Dunn's River Falls. Por conta desse lugar e pela proximidade com Nine Miles, decidimos ficar hospedados nesta cidade, que fica a 85km de Kingston (cerca de duas horas de carro). Se você desembarcar em Montego Bay ajuda um pouco porque há uma highway entre as duas cidades. Mas não era o nosso caso!

Para brasileiros, ir até a Jamaica visitar uma cachoeira soa um pouco ridículo. Dunn's River não tem quedas d'água e, pelas fotos, mais parece uma corredeira do que uma cachoeira propriamente dita. Mas o que intriga mesmo é saber como uma cachoeira poderia cair no mar? E mais, logo no mar do Caribe.



Para chegarmos lá pagamos US$ 20 ao taxista. Saímos do hotel por volta das 11h. O som do carro não poderia ser outro, reaggae. Lá você ouvirá somente isso! Antes de chegar ao local, o taxista perguntou se tínhamos botas apropriadas para fazer a subida na cachoeira. Sabíamos da obrigatoriedade do equipamento, mas não tínhamos. Poderíamos alugar na entrada do local por US$ 7, cada, mas ele disse que conhecia um mais barato. Na "lojinha" que ele indicou, conseguimos por US$ 5. Você pode comprar a "galocha" também por US$ 17. Posso garantir que o negócio funciona mesmo. Com elas nos pés, é quase impossível escorregar nas pedras.

A entrada ao parque custa US$ 15. Pagando isso, você pode ficar na praia ou subir a cachoeira (a partir da praia, claro). Geralmente eles deixam juntar uma galera pra ir todos com uns dois guias, auxiliando os mais temerosos a subir e mostrando onde você deve pisar. No final, uma gorjeta pela "mãozinha"... Você pode ir sozinho, porém, eles frisam: qualquer acidente é problema seu!

A subida é bem tranquila. Depois de subirmos e sermos recompensados com uma placa de congratulações, resolvemos descer e curtir um pouco a praia. Lá, como em qualquer outro lugar da cidade, aparecem ambulantes querendo empurrar alguma coisa, de artesanato, passeios de jets-sky a um punhado de ganja. E eles são realmente insistentes!


Às 14h, voltamos para o estacionamento, do lado de fora do parque, onde o taxista nos esperava. O engraçado durante o retorno foi o caminho que o pessoal fez da saída. Para sair do lugar, você precisa percorrer um caminho infestado por barracas de lembrancinhas. E não adianta desviar delas. Para sair do evento, tem que passar por todas!

De volta ao hotel, tomamos um banho e saimos para almoçar. Foi aí que pintou o desespero e entendemos porque a melhor opção na Jamaica são os all included. Era domingo e tudo estava fechado. Saímos para procurar algum lugar para comer nas redondezas e não encontramos nada. Não havia um turista na rua! Só os maloqueiros do Ya Mom!

Depois de uma passeada rápida no quarteirão, vimos que havia um chinês com os olhos e as portas abertas. O restaurante ficava em frente ao nosso hotel e a comida era boa. Aqueles chineses serviam o cardápio de Sechuan, região da China famosa pelos pratos mais apimentados. O almoço saiu o preço padrão da Jamaica. Cerca de US$ 15 por pessoa, com bebidas. Não tínhamos muita opção. E, como todo restaurante chinês, a comida era farta e a higiene, escassa.

À noite, pausa para descansar. Afinal, era domingo e tudo estava fechado. Como os taxistas não eram muito confiáveis, não rolou de conhecer algum evento noturno de lá... e nos preparamos para o passeio do dia seguinte: o mausoléu do Bob.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ocho Rios


Apenas no sábado, quando já havíamos passado por todo o transtorno do dia anterior no aeroporto, recebemos o e-mail do dono da Pratic Turismo, agência que nos vendeu as passagens aéreas. Com quase 15 dias de atraso, ele nos avisava do cancelamento. Pelo histórico de e-mails que ele nos encaminhou, vimos que a agência sabia de tudo desde o dia 12. E estávamos no dia 24! Irritante.

Deixamos de lado os perrengues para explorar a cidade de Ocho Rios. Sobre o Rooms on the Beach, é válido. O quarto é bom, com TV, ar e sacada com vista para o mar. Há ainda gelo à disposição (ótimo para comprar bebidas no mercado), internet free e uma lavanderia (2 dólares por máquina). Não é um primor de limpeza, mas nada que desespere – nossa passagem pelo México serviu para nos calejar... O café da manhã é continental, mas bem servido. Também é possível, na recepção do hotel, combinar diversos passeios turísticos. Um deles para a casa do Bob Marley, em Nine Mile, por 86 dólares cada. Agendamos para a segunda-feira. Ah, e acertamos com um taxista a ida a Dunn´s River Falls no dia seguinte. 20 dólares ida e volta.

Passamos o dia andando pela cidade, que é bem pequena. Tudo é muito caro para os nossos padrões. Fácil entender porque não encontramos latino-americanos por lá. Tudo é cobrado em dólar americano e com valores altos. Chegamos a pagar U$ 4,90 em uma cerva pequena, a Red Stripe. Tudo bem que era no Hard Rock Café, mas...

Outro agravante é a insistência dos vendedores. Há um domínio grande de indianos. O que parece ser bem vantajoso, em relação a preços, é relógio. Mas é preciso ficar esperto. Se você pesquisa em alguma loja, a informação corre. Na próxima loja que você entrar, eles já vão saber o que você quer... E vão te garantir um preço "exclusivo" porque você está hospedado no hotel "tal"... então tá!

Jantamos no hotel. O Ju escolheu um Jerk Chichen - prato típico de lá. Baseia-se em um peito de frango com um molho a base de curry e pimenta-do-reino. Bastante picante e saboroso, segundo ele. Depois disso, descansamos. Bastante. Com o passar do tempo, o visitante descobre que não há muito o que se fazer em Ocho Rios, além dos passeios básicos. De resto, é curtir a praia e os hotéis, a maior parte deles all included.

No aeroporto Norman Manley

Durante o voo de Miami a Kingston, a expectativa por um novo país era grande para nós dois. Por causa do cansaço, “reclamávamos” um pouquinho sobre o fato de, ao chegarmos ao aeroporto da capital jamaicana, por volta das 15h, ainda termos de viajar cerca de duas horas até Ocho Rios, cidade litorânea onde tínhamos reservado o hotel Rooms on the Beach. Mas vida de viajante é assim mesmo, o descanso fica sempre para depois!

A surpresa nada agradável apareceu quando eu estava passando pela imigração e o agente perguntou qual era meu próximo destino. Respondi “Cuba” e ele disse que tal voo não mais existia! A Air Jamaica havia cancelado, no início do mês, todos os voos para Havana. Conversei com o Ju, que estava no balcão ao lado, e os agentes nos orientaram a ir ao escritório da Air Jamaica, ali mesmo no aeroporto.

Começava, naquele instante, a nossa saga de cinco horas no Aeroporto Norman Manley. As atendentes da Air Jamaica nos informaram que o único voo disponível para Havana seria no dia 28, dois dias a mais que o planejado. Mais: o que antes seria uma viagem direta, sem conexões, passava agora pelas Ilhas Cayman (!), para que trocássemos de avião. Alegamos que não teríamos dinheiro para permanecermos dois dias a mais na Jamaica, tampouco gostaríamos que isso acontecesse, pois tínhamos nosso roteiro em Cuba.

As negociações se estenderam pela tarde toda. Não tínhamos almoçado e estava escurecendo. A Air Jamaica nos informou que pagaria a hospedagem extra, mas apenas em Kingston. E ficar na capital da Jamaica não estava nos nossos planos. Sugerimos voar antes para Havana, no primeiro horário que tivesse.Isso seria no sábado, mas em um trajeto altamente cansativo, com conexão em Miami e nas Ilhas Cayman. Como já havíamos pago TODA a reserva de Ocho Rios, percebemos que seria uma roubada ainda maior.


Enfim, depois de muitas propostas e negativas, a atendente disse que poderíamos ficar os dois dias a mais em Ocho Rios mesmo, em um resort com sistema all included chamado Sunset Jamaica Grande. Não teríamos gastos com hospedagem e alimentação, pelo menos. Topamos. Depois, foi a saga para conseguir um taxista que nos levasse a Ocho Rios. Como já havia anoitecido, foi uma missão ingrata. Ao final, fechamos um táxi-ônibus por 100 dólares.

A viagem, de duas horas e meia, foi completamente non sense. Passamos por montahas íngremes, com curvas fechadíssimas e estrada estreita. A mão inglesa no trânsito apimentava a aventura. Não bastasse o nosso cansaço, o motorista também se mostrou super sonolento. A ponto de parar em um boteco para comprar energético!!! Para nós, únicos passageiros de um micro-ônibus para mais de 10 lugaresm ficar acordado era ainda mais dramático. Mas, como podemos comprovar agora, escrevendo este post, sobrevivemos!

domingo, 16 de maio de 2010

Cancun - Miami - Kingston

Apesar do sono, acordamos às 4h30 do dia 23. Como estávamos perto do aeroporto não tivemos problemas. Outro motivo que nos levou a pegar um carro da Hertz era o fato de a loja deles funcionarem 24h, no aeroporto de Cancun. Devolvemos o automóvel e embarcamos para Miami. Conosco, um zilhão daqueles norte-mericanos xaropes...

A viagem com a American Airlines foi sem traumas. Ficamos apenas decepcionados com o lanche deles. Só servem bebidas. Quer ouvir uma música? Dois dólares! Comida? Tem, mas pague!

Chegando aos EUA foi aquele estresse. Tínha a alfândega e ainda a mudança de língua. Deixar de falar espanhol e começar a falar inglês travou nossa língua. Tanto que pensamos que o estadunidense barraria nossa entrada porque gaguejamos um bocado para explicar pra ele o que fazíamos, para onde íamos, etc.

Acredito que ficamos quase duas horas entre os trâmites para entrar no país, pegar as malas, despachá-las em outro lugar e passar para a área de embarque. Viajar para lá pode ser realmente estressante. Eles realmente são neuróticos. Além de ter de tirar cinto, e metais do corpo, tínhamos que passar pelo detector de metais descalços. Como o aeroporto de Miami é uma verdadeira Torre de Babel, são filas e mais filas com gente de todo o lugar do mundo. Uma experiência antropológica válida...

Enquanto esperávamos o voo, que sairia por volta das 13h, tapeamos a fome com uma pizza. Depois  vimos o freeshop de Miami, mas foi aquela decepção. Não há eletrônicos e a área se resume a perfumes, bebidas e restaurantes. Uma derrota total se comparado com o do Panamá.

O voo para Kingston também não teve problemas. Saiu com 20 minutos de atraso e, desta vez, lotado de jamaicanos. Cansados, nem imaginávamos que o pior ainda estava por vir...

PS: Queríamos colocar uma foto do aeroporto de Miami, mas a neura lá é forte e fomos impedidos de tirar qualquer foto dos aviões!

O suco de manga

Chegamos a Calica às 22h. Nosso voo para Miami (e de lá para a Jamaica) sairia às 7h. Portanto, tínhamos ainda que percorrer uns 80km de Calica até Cancun. Lá teríamos que achar um hotel para passar algumas horas.

O problema é que decidimos passar em Playa. Não para comprar artesanato ou coisa do tipo porque naquela hora tudo já estava fechado (as lojinhas de Playa funcionam até as 22h).

O objetivo foi voltar a uma lanchonete que descobrimos no dia em que chegamos lá. O nome do lugar é Nativo e realmente é frequentado pelos moradores de Playa. Fica inclusive na Calle 30 Norte. É fácil encontrar. Lá, eles oferecem bons pratos e muitas opções de sucos. Ficamos empolgados com o lugar por causa do suco de manga que eles nos serviram. Custava 20 pesos o de 500ml. É um suco explêndido, feito da fruta e bastante concentrado. Com 5 pesos, você leva o copo de 1 litro. E foi isso que fizemos. Passamos lá e ainda no carro veio o garçom perguntando o que queríamos. "Um vaso de manga, por favor!". Queríamos levar o de 500 ml pois ele vem mais concentrado do que o de 1 litro. Mas o vendedor disse que para levar só o de 1 litro. Depois pensamos: "Devíamos ter levado 500 ml pelo preço de 1 litro".

Defitinivamente. Depois de 12 dias longe dos sucos de verdade, daqueles de fruta, foi a nossa maior descoberta em Playa. Vale muito a pena aparecer por lá. É uma boa pedida para quem perder o horário e não conseguir jantar na área onde tem restaurantes para gringos (principalmente restaurantes de argentinos, que dominam a região).

Pois bem, chegamos a Cancun um pouco depois da meia-noite. Queríamos o lugar mais próximo possível do aeroporto e que fosse minimamente limpo para tomarmos banho e descansarmos algumas horas. A solução foi nos hospedarmos em um motel localizado entre o aeroporto e o centro da cidade. O curioso é que , para entrar no local, não há qualquer privacidade. Um rapaz fica na portaria anotando o número da placa e pegando os dados do cliente: 300 pesos por 4h. Era do que precisávamos...

Cozumel - A primeira das ilhas

Nosso último dia no México, uma quinta-feira (22), foi destinado a Cozumel. Estávamos em dúvida se iríamos para a Isla de las Mujeres (próximo a Cancun) ou a Cozumel (maior ilha mexicana). Optamos pela segunda por causa do arrecife que há na região, o segundo maior do mundo.

A ilha é bem estruturada e voltada principalmente ao turismo. Para chegar lá existem duas opções: atravessar de ferry até Cozumel ou percorrer uns 15km ao sul da Riviera Maia e chegar a um lugar chamado Calica. De lá, é possível pôr o carro dentro do barco e seguir pra Cozumel. Como estávamos com carro alugado pegamos a segunda opção.

Quem quiser ir de carro deve ficar atento aos horários dos ferries. Pegamos um que saía às 8h. Por isso, tínhamos de estar lá uma hora antes (é regra deles, mas dá pra chegar com uns 45 minutos de antecedência). A viagem dura cerca de 1h30 e há uma confortável cabine de passageiros, com filmes. O valor do ferry é de 380 pesos pelo carro, mais 80 pesos por passageiros (o motorista não paga). No caso, pagamos 460 pesos (por trajeto). O Lonely Planet informa que não é possível transportar carros alugados, mas é mentira. É só pagar que você entra!
Horários (segunda a sábado) - Domingo também funciona mas há horários diferenciados...
Calica – Cozumel
4:00, 8:00, 13:30, 18:00
Cozumel- Calica
6:00, 11:00, 16:00, 20:30



A ilha - Inicialmente, fomos até o centro da cidade para descobrir qual seria o melhor lugar para fazer snorkel nos arrecifes. Tivemos dificuldade porque o número de agentes que querem te empurrar um pacote qualquer é enorme. Ficamos até sem saber a quem perguntar. Na ilha pode-se alugar tudo. Se você for a pé, esta é a hora de alugar carro para conhecer a ilha. Tem fusca conversível, lambretas e jipes . É só escolher. Lá tem hotéis e pousadas também. Porém, como tudo vem de barco, as coisas lá são sempre mais caras que em Playa del Carmen.

Bem, resolvemos checar com uma lojista qual o melhor lugar para fazer snorkel na ilha. Ela disse que os agentes que ficam te pertubando geralmente levam os turistas a arrecifes pequenos. Perguntamos se Playa Palancar era um dos melhores pontos de saída, como dizia o Lonely Planet. Ela disse que sim. Então, pegamos a estrada que percorre o litoral da ilha pelo lado sul.

Chegando lá descobrimos que o passeio de barco e um mergulho de uma hora e meia custaria US$ 30 para o casal. Tentamos pechinchar, mas o camarada do lugar era intransigente e não aceitou nossa lábia. Eram 13h30 quando pegamos o barco com outros dois casais de turistas, um norte-americano e outro neozelandês.

Para a Marina seria a primeira experiência dela com o snorkel. Eu já tive a oportunidade de conhecer um no nordeste brasileiro, em Maragogi (AL). O guia foi nos explicando (em inglês e espanhol) como é o funcionamento do snorkel, como fazia para esvaziar o colete salva-vida e afundar até alguns metros de profundidade.

O passeio consiste em visitar duas áreas corais, uma mais profunda e outra mais rasa, com apenas sete metros de profundidade. Além dos turistas, o guia ia nadando conosco para mostrar as espécies de peixes e crustáceos que havia, além de dar o suporte.Também foi um fotógrafo que registrou os momentos e depois tentou vender o CD por US$ 25. Achamos caro e não levamos (até porque as fotos não ficaram muito boas). Fora d'água ia o capitão do barco acompanhando o grupo.

Ficamos uma hora e meia dentro das águas mais límpidas que já vimos na vida. Realmente a visibilidade é incrível no mar caribenho. Achei que fosse encontrar algo como em Maragogi, mas não tem nada a ver porque você tem que ficar nadando o tempo inteiro. A profundidade é grande e, por isso, o número de animais marinhos é enorme.

Inicialmente tivemos a oportunidade de ver tartarugas marinhas nadando conosco. Depois, apareceram milhares de peixes, alguns enormes outros em cardumes. Vimos tubarões e arraias. Ah, sem falar nas lagostas. Os peixes são aqueles do Nemo, todos muito coloridos! Era como se estivéssemos no aquário de Veracruz, só que o natural! Foi realmente incrível.

Voltamos do passeio umas 15h. De carro, continuamos dando a volta na ilha pelo litoral. Realmente a visão é linda. No lado leste estão as praias de mar aberto, que, depois da chegada do furacão Wilma, em 2005, ficaram sem areia. Exato! Praticamente não há bancos de areias. Paramos em um restaurante que fica de frente para uma dessas praias e comemos um peixe delicioso de lá.


Ficamos felizes também porque o peixe que dava para duas pessoas custou pouco mais de 100 pesos (menos de R$ 20). O engraçado era que outros peixes (que o garçom disse não dar para dois) estava mais caro. Não nos arrependemos. Tomamos ainda uma marguerita. No final, ao saber que éramos brasileiros, o garçom nos presenteou com uma dose de tequila. Saímos de lá todos felizes! Hehe!

A parte norte não pode ser atravessada. Portanto, a rodovia que corta o litoral termina na metade da ilha, e dali volta-se atravessando o interior para o lado oeste, onde está o centro de Cozumel. Ficamos passeando por lá até a hora do último ferry, às 20h. Durante este tempo, fomos a um supermercado onde eu comprei algumas pimentas mexicanas, muito baratas. Os supermercados são um excelente lugar para comprar roupas simples (tipo aquelas que são vendidas nos hipermercados do Brasil, porém com o nome das cidades estampado). É bem mais barato do que nas feirinhas de artesanato.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ruínas ao mar

No dia seguinte (21), aproveitando a liberdade de estar com um carro, fomos a Tulum, localizada a 45 minutos de Playa del Carmen. Foi o último sítio arqueológico do nosso trajeto e, para entrar no clima das ilhas que vinham a seguir, ele fica localizado exatamente na beira do Mar do Caribe. As ruínas maias dividem espaço com diversas iguanas e uma praia com jeitão paradisíaco. As águas, extremamente limpas, apresentam uma coloração que vai do verde ao azul, passando por todas as matizes imagináveis. Lindo!

O local é muito cheio de turistas, claro, mas sempre é possível encontrar cantinhos para uma fotografia mais "exclusiva". É só ter paciência para caminhar sob muito sol. A praia, por ser pequena, também fica lotada. A vantagem é que, por estar dentro do sítio arqueológico, não tem circulação de vendedores ambulantes.


A cidade de Tulum mal é percebida pelos viajantes. Um pequeno trecho na rodovia dá sinais de civilização, mas é bom estar atento para não deixar passá-la direto. Quem procura restaurantes não tem muitas opções, mas fomos felizes em seguir a dica do Lonely Planet: o El Mariachi tem preços razoáveis e a comida é bem gostosa. Para completar, eles transmitem jogos de futebol, o que é muito útil para quem está há alguns dias na estrada e com dificuldades de ter acesso a notícias do mundo. Vimos grande parte de Bayern 1 x 0 Lyon, pelas semifinais da Liga dos Campeões.

Há ainda algumas lojas que vendem prata mexicana. Todas, no entanto, são mais caras que aquelas de Oaxaca. Descobrimos, ao final de nossa passagem pelo país, que Oaxaca é a região mais vantajosa para quem quer comprar jóias. Bem, isso entre as cidades que conhecemos, claro. Quase em frente ao El Mariachi há também uma sorveteria maravilhosa. Infelizmente, não pegamos o nome. Mas não é difícil de saber qual é, tendo em vista o tamanho do centro da cidade.

Saímos de Tulum à tarde e voltamos a Playa del Carmen. Deu tempo de conhecer a praia de lá e ficar com vontade de passar mais dias na cidade, que é linda e cheia de atrações noturnas - ainda que quase todas encerrem bem cedo. De qualquer forma, é um bom lugar para comprar lembrancinhas diversas. Ah, um detalhe muito importante: em Playa, vale mais a pena comprar com dólares. É triste isso, mas a moeda nacional é menos valorizada que a moeda dos ianques... pelo menos na rua paralela à praia, onde tudo acontece. Há tantos gringos no local que eles comandam mesmo...

Como nosso almoço tinha sido interessante, resolvemos apostar mais uma vez nas dicas do Lonely Planet e jantamos no Fusion, onde há música ao vivo quase todas as noites. Foi divertido. Ali experimentamos a tequila reposada Centenario e descobrimos o jeito certo de tomá-la: com limão antes e, de preferência, sem sal!

Um dos garçons do ambiente achou interessante o fato de termos conhecido tantas cidades mexicanas. Naquela região, os gringos geralmente só ficam por ali, na região caribenha. Percebemos que são poucos os que vêm da região central. O rapaz comentou que a fisionomia dos mexicanos é bastante diferente dependendo da região. Realmente deu pra perceber. Só ficamos impressionados quando ele disse que as mulheres loiras que eram garçonetes nos bares também eram mexicanas, porém da região norte (a parte que não visitamos).